Historial

A Associação do Folhadal – Centro Social, Cultural e Recreativo comemora em 2019 o seu 80.º aniversário, um acontecimento que deseja celebrar de forma festiva e participada. Não é todos os anos que uma colectividade atinge tão bela idade, com um currículo que deixa orgulhosos os associados e toda a população. Mas também, com vontade de continuar a servir a comunidade, cuja obra é sua, nas várias etapas e com variadíssimos intervenientes. Nada se faz com apenas uma pessoa, ainda que algumas marquem de forma indiscutível toda a dinâmica associativa.

A Associação do Folhadal foi criada em 1939 a partir de um
dos dois ranchos folclóricos existentes na altura “Os Fenianos e os Valentim”,
que aos fins-de-semana juntavam homens e mulheres para dançar. A partir desses
dois ranchos, com o apoio da população, Abílio Pais Cabral e Augusto Pais dos
Santos, de apelido Cartuxo, consolidam um grupo que passou a organizar
regularmente bailes e festas tradicionais. Inspirados pelo movimento feniano
com origem no Brasil, os dois ranchos deram origem a um único grupo, que passou
a designar-se Grupo Recreativo Os Fenianos. No sentido de terem um espaço
protegido e que servisse de sede provisória, os fundadores alugaram o espaço
ocupado por um antigo lagar de vinho, sobre o qual foi montado um palco, com um
corredor envolvente com serventia de camarim, um pequeno bar e uma porta
lateral com acesso ao exterior. Durante décadas o local ficou conhecido como
sendo o Salão, onde se organizavam bailes, ficando conhecidas as famosas
matinées, e para onde foi adquirida a primeira televisão da aldeia em 1961.
Salienta-se que as emissões regulares da RTP tinham começado em 1957.

O sucesso dos bailes foi tão grande que as festas pagãs
associadas às festas religiosas da Páscoa e da Santa Eufémia realizavam-se num
recinto ao ar livre. Esse recinto improvisado foi durante muito tempo instalado
no Largo do Colóquio, antes de ser ligado à Rua do Pombal. Mais tarde, o evento
passou a realizar-se num terreno na Rua do Cabeço ou num terreno a meio da Rua
Olímpio Albuquerque. Quem não se lembra destes bailes e das festas? Eram
afamadas no concelho e na região. Por aqui passaram vários agrupamentos
musicais como Ases do Ritmo, autores da música dedicada ao Folhadal, e os seus
herdeiros Diapasão, assim como o agrupamento Central Troviscal. Quem não se
lembra do terreiro vedado com falheiras de pinho ao alto, com a bilheteira à
entrada e o pavimento do dancing construído com tábuas, no meio do recinto. Sem
esquecer as luzes de várias cores que criavam um ar de festa e completavam todo
o cenário. E o que dizer da tão aguardada “dança da flor”!

Foi assim até ao início da década de 80. A partir daqui os
bailes deixaram de estar na moda e a Associação procurou outros rumos.
Primeiro, com a aquisição do espaço limítrofe ocupado pelo antigo lagar de
azeite, depois com o início gradual das obras da nova Sede. Simultaneamente, a
Associação passou a procurar novos objectivos. A partir de 22 de Maio de 1990,
a colectividade passou a assumir a designação de Associação do Folhadal – Centro
Social, Cultural e Recreativo, alargando as suas actividades na área social.
Meses depois, a 1 de Junho de 1990, a Associação do Folhadal foi declarada
Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). No dia 7 de Novembro de
1992 foi inaugurado o actual Bar e a 1 de Junho de 1994 entrou em funcionamento
o Centro de Dia para Idosos. A 1 Julho de 2000 começou a prestar Apoio
Domiciliário, consolidando o novo rumo traçado na transição da década de 80
para 90. No dia 21 de Dezembro de 1997 foi inaugurada oficialmente a sede da
Associação do Folhadal, complementando as valências já em curso em 2001, com a
inauguração do recinto desportivo e mais tarde com os respectivos balneários,
em 2007.

Actualmente, o Centro de Dia acolhe 20 utentes nas suas
instalações, com apoio em múltiplas actividades diárias, que incluem as
refeições, higiene pessoal, tratamento de roupas, fisioterapia, acompanhamento
médico e actividades de lazer. Presta ainda Apoio Domiciliário a 25 utentes
que, permanecendo nas suas habitações, recebem apoio 365 dias por ano,
principalmente na alimentação, apoio na toma dos medicamentos, higiene pessoal
e doméstica, e outros assuntos relacionados com a habitação.

Embora mais vocacionado para prestar apoio social, a
Associação não esquece as suas raízes e o seu património, integrando noutras
actividades os seus utentes e amigos. Os bailes são agora menos concorridos,
mas não é por isso que deixam de ser apreciados. A excelência do Salão de
Festas, permite a realização de vários tipos de espectáculos assim como
jantares comemorativos, juntando lazer, diversão e animados convívios. É o que
sucede, por exemplo, pelo Natal e na evocação de cada aniversário do Centro de
Dia. Simultaneamente, procuramos recriar celebrações da comunidade, como sejam,
o Cantar das Janeiras, o Carnaval, o saltar da fogueira pelos Santos Populares,
o S. Martinho, noites de fado e demais actividades culturais e recreativas.

Em 2013 a Associação teve oportunidade de alargar ainda mais
o seu âmbito, ao publicar o livro Folhadal – Do Lugar e das suas gentes, do
autor José Gomes Ferreira, e de inaugurar a exposição de fotografias antigas
alusivas à vivência deste povo de Folhadal.

Em 2014 iniciou-se na Sede desta Associação uma Escola de
Música, encontrando-se actualmente inscrições abertas aos participantes
interessados. Desta Escola resultou a criação do Grupo Musical os Fenianos,
apoiado por esta Associação. Com a história da aldeia a confundir-se por vezes
com a história da Associação e vice-versa, estes são marcos dos quais nos
orgulhamos, aguardando para breve a publicação do catálogo da exposição que
contemplará o espólio apresentado e novas imagens que se juntaram à recolha
anteriormente realizada.

Quanto ao futuro da Associação depende de todos nós. Os
actuais órgãos sociais estão dispostos a trabalhar pela manutenção do que temos
alcançado e para ir mais longe. Para isso adquiriram recentemente um terreno
limite á Associação com a área de 6000,00 m2, para nova construção, de apoio à
área social. Acreditamos que quem vier a seguir agirá no mesmo sentido, pois
apesar de eventuais diferenças dentro desta comunidade, existem fortes laços
que a unem em prol de causas comuns.